Tecnologia Científica

Engenheiros usam inteligaªncia artificial para capturar a complexidade das ondas quebrando
As previsaµes de seu modelo devem ajudar os pesquisadores a melhorar as simulaa§aµes do clima ocea¢nico e aprimorar o projeto de estruturas offshore.
Por Jennifer Chu - 30/04/2021


Usando aprendizado de ma¡quina junto com dados de experimentos em tanques de ondas, os engenheiros do MIT encontraram uma maneira de modelar como as ondas quebram. “Com isso, vocêpode simular ondas para ajudar a projetar estruturas melhor, com mais eficiência e sem grandes fatores de segurança”, diz Themis Sapsis. Crédito: iStockphoto

As ondas quebram quando atingem uma altura cra­tica, antes de atingir a crista e colidir com um spray de gotas e bolhas. Essas ondas podem ser tão grandes quanto o point break de um surfista e tão pequenas quanto uma ondulação suave rolando para a costa. Por décadas, a dina¢mica de como e quando uma onda quebra tem sido muito complexa para prever.

Agora, os engenheiros do MIT descobriram uma nova maneira de modelar como as ondas quebram. A equipe usou aprendizado de ma¡quina junto com dados de experimentos de tanques de ondas para ajustar equações que tradicionalmente são usadas para prever o comportamento das ondas. Os engenheiros normalmente confiam em tais equações para ajuda¡-los a projetar plataformas e estruturas offshore resilientes. Mas atéagora, as equações não foram capazes de capturar a complexidade das ondas quebrando.

O modelo atualizado fez previsaµes mais precisas de como e quando as ondas quebram, descobriram os pesquisadores. Por exemplo, o modelo estimou a inclinação de uma onda logo antes de quebrar, e sua energia e frequência após a quebra, com mais precisão do que as equações de onda convencionais.

Seus resultados, publicados hoje na revista Nature Communications , ajudara£o os cientistas a entender como uma onda que quebra afeta a águaao seu redor. Saber exatamente como essas ondas interagem pode ajudar a aprimorar o projeto de estruturas offshore. Tambanãm pode melhorar as previsaµes de como o oceano interage com a atmosfera. Ter melhores estimativas de como as ondas quebram pode ajudar os cientistas a prever, por exemplo, quanto dia³xido de carbono e outros gases atmosfanãricos o oceano pode absorver.

“A quebra das ondas éo que coloca o ar no oceano”, diz o autor do estudo Themis Sapsis, professor associado de engenharia meca¢nica e ocea¢nica e afiliado do Instituto de Dados, Sistemas e Sociedade do MIT. “Pode parecer um detalhe, mas se vocêmultiplicar seu efeito sobre a área de todo o oceano, a quebra das ondas comea§a a se tornar fundamentalmente importante para a previsão do clima.”

Os coautores do estudo incluem a autora principal e pa³s-doutoranda do MIT Debbie Eeltink, Hubert Branger e Christopher Luneau da Universidade de Aix-Marseille, Amin Chabchoub da Universidade de Kyoto, Jerome Kasparian da Universidade de Genebra e TS van den Bremer da Delft University of Technology.

Tanque de aprendizagem

Para prever a dina¢mica de uma onda quebrando, os cientistas normalmente adotam uma das duas abordagens: eles tentam simular precisamente a onda na escala de moléculas individuais de águae ar, ou realizam experimentos para tentar caracterizar ondas com medidas reais. A primeira abordagem écomputacionalmente cara e difa­cil de simular mesmo em uma área pequena; o segundo requer uma quantidade enorme de tempo para executar experimentos suficientes para produzir resultados estatisticamente significativos.

Em vez disso, a equipe do MIT emprestou pea§as de ambas as abordagens para desenvolver um modelo mais eficiente e preciso usando aprendizado de ma¡quina. Os pesquisadores começam com um conjunto de equações que éconsiderado a descrição padrãodo comportamento das ondas. Eles pretendiam melhorar o modelo “treinando” o modelo em dados de quebra de ondas de experimentos reais.

“Ta­nhamos um modelo simples que não capturava a quebra das ondas, e então ta­nhamos a verdade, ou seja, experimentos que envolvem a quebra das ondas”, explica Eeltink. “Então quera­amos usar o aprendizado de ma¡quina para aprender a diferença entre os dois.”

Os pesquisadores obtiveram dados de quebra de ondas executando experimentos em um tanque de 40 metros de comprimento. O tanque foi equipado em uma extremidade com um remo que a equipe usou para iniciar cada onda. A equipe ajustou o remo para produzir uma onda quebrando no meio do tanque. Medidores ao longo do comprimento do tanque mediram a altura da águaa  medida que as ondas se propagavam pelo tanque.

“Leva muito tempo para executar esses experimentos”, diz Eeltink. “Entre cada experimento, vocêprecisa esperar que a águase acalme completamente antes de iniciar o pra³ximo experimento, caso contra¡rio, eles influenciam um ao outro.”

Porto Seguro

Ao todo, a equipe realizou cerca de 250 experimentos, cujos dados usaram para treinar um tipo de algoritmo de aprendizado de ma¡quina conhecido como rede neural. Especificamente, o algoritmo étreinado para comparar as ondas reais em experimentos com as ondas previstas no modelo simples e, com base em quaisquer diferenças entre os dois, o algoritmo ajusta o modelo para se adequar a  realidade.

Depois de treinar o algoritmo em seus dados experimentais, a equipe apresentou o modelo a dados inteiramente novos osneste caso, medições de dois experimentos independentes, cada um executado em tanques de ondas separados comDimensões diferentes. Nesses testes, eles descobriram que o modelo atualizado fazia previsaµes mais precisas do que o modelo simples e não treinado, por exemplo, fazendo melhores estimativas da inclinação de uma onda quebrando.

O novo modelo também capturou uma propriedade essencial de quebra de ondas conhecida como “downshift”, na qual a frequência de uma onda édeslocada para um valor mais baixo. A velocidade de uma onda depende de sua frequência. Para as ondas do oceano, as frequências mais baixas se movem mais rapidamente do que as frequências mais altas. Portanto, após o downshift, a onda se movera¡ mais rápido. O novo modelo prevaª a mudança na frequência, antes e depois de cada rebentação, o que pode ser especialmente relevante na preparação para tempestades costeiras.

“Quando vocêquer prever quando ondas altas de um swell chegariam a um porto, e vocêquer deixar o porto antes que essas ondas cheguem, então se vocêerrar a frequência da onda, então a velocidade com que as ondas estãose aproximando estãoerrada, — diz Eeltink.

O modelo de ondas atualizado da equipe estãona forma de um ca³digo de ca³digo aberto que outros poderiam usar, por exemplo, em simulações climáticas do potencial do oceano para absorver dia³xido de carbono e outros gases atmosfanãricos. O ca³digo também pode ser trabalhado em testes simulados de plataformas offshore e estruturas costeiras.

“O objetivo número um deste modelo éprever o que uma onda fara¡â€, diz Sapsis. “Se vocênão modelar a quebra das ondas corretamente, isso teria tremendas implicações em como as estruturas se comportam. Com isso, vocêpode simular ondas para ajudar a projetar estruturas melhor, com mais eficiência e sem grandes fatores de segurança.”

Esta pesquisa éapoiada, em parte, pela Swiss National Science Foundation e pelo Escrita³rio de Pesquisa Naval dos EUA.

 

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